quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Principios de Jogo

No post anterior tentamos definir "Modelo de Jogo", abordamos ainda outras terminologias com ele relacionadas. Nos próximos posts a tarefa é desenvolver um pouco cada um desses itens.

Princípios de jogo
 
"Os princípios de jogo e os sub princípios de jogo são comportamentos e padrões de comportamento que o treinador quer que sejam revelados pelos seus jogadores e pela sua equipa nos diferentes momentos de jogo.
Esses comportamentos e padrões de comportamento quando articulados entre si evidenciam um padrão de comportamento ainda maior, ou seja, uma identidade de equipa a qual denominamos de organização funcional" Guilherme Oliveira, 2003

Segundo Queiroz, 1983, os princípios e sub princípios de jogo podem dividir-se em gerais, aplicados a todas as situações de jogo, e específicos conforme o momento do jogo.

Princípios Gerais - Não permitir a inferioridade numérica
- Evitar a igualdade numérica
- Procurar criar a superioridade numérica


Princípios
Específicos
Ataque Defesa
Penetração Contenção
Cobertura Ofensiva Cobertura defensiva
Mobilidade Equilíbrio
Espaço Concentração

Como é que estes princípios e sub princípios se encaixam?
Um exemplo prático
A equipa com a posse de bola, equipa atacante, deverá ter como primeira preocupação verificar se pode ou não desenvolver uma acção que lhe permita criar uma situação de ataque e/ou finalização, vai por isso desenvolver uma acção de PENETRAÇÃO. Por oposição a equipa adversária, equipa defensora, vai desenvolver acções que em primeira instância impeçam a finalização ou a progressão do jogador com posse de bola, vai portanto aplicar o principio defensivo de CONTENÇÃO.
A esta primeira fase segue-se a fase de tentativa organização ofensiva e defensiva, onde as equipas tentam aplicar os princípios gerais, primeiro recusando a inferioridade numérica, surgem as coberturas. COBERTURA OFENSIVA para a equipa atacante que vai tentar criar superioridade numérica, COBERTURA DEFENSIVA para a equipa defensora que tentará evitar a inferioridade numérica, tentando a superioridade.
Assumindo que ambas as equipas conseguem ser eficazes nas acções de cobertura acabam por se encontrar em igualdade numérica. Numa situação de igualdade numérica a posse de bola não é um factor decisivo já que qualquer acção terá resposta adversária, por isso é necessário a encontrar novas zonas para desenvolver a acção de ataque geralmente através de desmarcações, aplicarão o principio da MOBILIDADE. Em oposição a equipa defensora terá de responder às acções adversárias, tentando repor a situação anterior, de igualdade numérica, ou na impossibilidade imediata de o fazer, optar por encontrar uma acção que lhe seja menos desfavorável ou seja de EQUILÍBRIO.
Obviamente que à equipa na posse da bola interessará encontrar linhas de passe, possibilidades de penetração e/ou finalização, logo procurará alargar o seu jogo tentando desequilibrar a equipa defensora, ou seja, criar o ESPAÇO que necessita. Por oposição a equipa defensora tentará evitar as acções de penetração, passe e finalização adversárias tentando reduzir o espaço por onde a bola poderá circular, tentando criar superioridade numérica nessa zona do campo, aumentando as suas hipóteses de recuperação da posse de bola, vai assim desenvolver acções de CONCENTRAÇÃO.

 Facilmente verificamos que estes princípios e sub princípios se aplicam a toda e qualquer equipa, fazem parte do modelo de jogo de todo e qualquer treinador, o que vai diferenciar cada modelo de jogo? A forma como a equipa os aplicará. Surgem os chamados sub princípios dos sub princípios, que terão sub princípios e assim sucessivamente. Resumindo um jogador recupera a posse de bola, logo tentará o principio da penetração, em que moldes desenvolverá o seu jogo? Ataque rápido? Lento? Dribla?  Espera por apoio? É aqui que entram os sub princípios dos sub princípios, caberá ao treinador, perante a sua ideia de jogo, definir padrões para a sua equipa. Do mesmo modo uma equipa que perde a posse de bola aplicará a contenção de que forma?


Estas questões levam-nos ao item seguinte na construção do modelo de jogo para determinada equipa, a forma com os padrões deverão, teoricamente, funcionar. Desenvolveremos no proximo post a Organização funcional.

1 comentário:

Dennis Bergkamp disse...

Será que vou comentar os posts todos ?

Recomendo a leitura de uma das obras mais recentes do Prof Jorge Castelo, tem uma sugestão de taxionomia para os principios gerais e especificos diferente do Prof Carlos Queirós, mas que também faz todo o sentido.

Como é mais recente, pode ser algo interessante.

Eu identifico-me mais com a terminologia do Prof Jorge Castelo, pela importância que dá a unidade estrutural funcional ( o 3v3 perto da bola ).

Abraço