segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Regressaremos!

Por enquanto é apenas essa a notícia.

Regressaremos às actualizações do blog e ao futebol.

Até breve.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Mundial, fase de grupos - 1º jornda

Chegamos ao final da primeira jornada do Mundial de futebol 2010.

O que temos visto?

Nesta primeira jornada todos os jogos se caracterizaram por um, esperado, foco na organização defensiva. Não conseguimos ver jogos espectaculares, não vimos os "candidatos" a assumirem-se em campo, nem sequer temos vistos muitos golos.

Infelizmente não vi todos os jogos, completos em directo até vi poucos mesmo, mas do que vi sobressai a preocupação com a organização defensiva. Parece que todos alinharam pelo mesmo, ganhar o primeiro jogo não garante nada, perder o primeiro jogo complica muito.

Vimos apenas uma Alemanha ao seu nível, uma Argentina que se assumiu mas não praticou um futebol ao nível dos seus "nomes" e uma Espanha fiel aquilo que vem fazendo e pouco mais.

O futebol é também um ciclo de modas, é normal ditar a moda quem ganha. Se na época passada tivemos hinos ao futebol de passe curto e posse de bola praticado pelo Barcelona de Pep Guardiola, esta época mostraram-nos o antídoto. Sobressaiu o Internazionale de Milão de Mourinho como exemplo de como vencer sem bola.
Essa tem sido a tendência deste mundial de futebol, principalmente nestes primeiros jogos.
No seguimento do raciocínio anterior não será totalmente estranha a vitória da Suíça sobre a Espanha. Mais uma vez a boa organização defensiva superou uma boa organização ofensiva. Já é velha a história de que os ataques vencem jogos mas as defesas vencem campeonatos...

Deixem-me estabelecer uma pequena comparação entre o Portugal vs Costa do Marfim e o Suíça vs Espanha. O papel de favorito caberia às equipas ibéricas, mais Espanha que Portugal, embora com estilo de jogo diferenciados ambas as equipas privilegiam o ataque nos seus jogos. Nenhuma venceu.
Como português que gosta de futebol preferia ter visto uma equipa mais senhora de si, mais personalizada e "mandona" em campo, no entanto até concordo que Portugal terá feito a melhor abordagem ao jogo. Primeiro não errar depois procurar o erro adversário. Conseguiu-se a primeira não a segunda, um ponto.
Espanha por sua vez, assumiu sem preconceitos o seu estilo, colocou-o em campo e dominou completamente a partida, mas perdeu.
Tal como o Barcelona nas meias finais da Champions League, Espanha não soube, ou não conseguiu, mudar o registo quando começou a ser notório que o seu futebol esbarrava na parede suíça e, ainda pior que isso, cometeu erros fatais, zero pontos.

Todos preferíamos ver futebol de ataque, e daí não sei porque um 4-4 na Liga inglesa é sempre sublinhado com um comentário do estilo "por lá as defesas deixam muito a desejar...", mas a verdade é que um jogo perfeito acabava sempre 0-0...

Para esta segunda jornada espero que as selecções pratiquem um futebol mais atractivo, julgo terá mesmo que ser já que os favoritos terão de se assumir se não quiserem ver a vida muito complicada na última jornada da fase de grupos. Pelos primeiros jogos desta jornada parece que as coisas vão mudar.

No dia de hoje a Argentina conseguiu um fácil 4-1 perante a Coreia do Sul, a Grécia lá conseguiu os seus primeiros golos e primeira vitória em fases finais do mundial e, agora sim uma "surpresa", a França acaba batida pelo Mexico por 2-0.
Esperemos por melhores jogos e que Portugal mostre agora o seu potencial...

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Special One, Il Speciale... El especial?

Há muito tempo que penso actualizar o blog mas por este ou aquele motivo não tem sido possível.


Quem se dedica ao treino de futebol em Portugal, ou no resto do mundo, tem hoje uma referência básica, José Mourinho.
Goste-se ou não da sua personalidade, dos seus mind games ou até da sua forma de jogar o certo é que todo e qualquer treinador deseja aquilo que para José Mourinho se tornou um hábito, ganhar.
Sabendo, como todos, que é impossível ganhar sempre, Mourinho consegue ser o que mais ganha e chegou ao topo em menos tempo que uma imensa maioria dos treinadores profissionais precisa para "estar preparado" para um desafio semelhante, lembramos que venceu a Champions League em 2004, apenas 4 anos depois de se assumir como treinador principal de uma equipa, tendo no ano anterior vencido a taça Uefa, que já não era coisa pouca. Após 10 curtos anos de carreira, Mourinho já faz parte da história do futebol Europeu... e assume que se quer tornar uma lenda.

O que faz de Mourinho tão Especial?

Treinar a sério!

"(...) havia a questão da agressividade no treino, que era inexistente. Algumas 'individualidades' simplesmente não queriam que houvesse o mínimo de agressividade nos treinos. Resultavam daí que treinavam sem caneleiras, logo sem contacto e sem situações competitivas. Os treinos no Benfica eram, no mínimo, caricatos. Diariamente, um grupo de bons rapazes dava uns toques na bola, fazia umas corridas e era tudo"
(sobre o "treino que encontrou na sua passagem pelo Benfica)

Treinar com um objectivo bem definido, treinar com método.

"O mais importante é sempre a nossa equipa e não o adversário"

"A minha preocupação quando vou para um clube é encontrar, mais que um sistema táctico, um modelo e uma filosofia de jogo. Tem a ver com um futebol fundamentalmente ofensivo onde o passe e a qualidade são fundamentais"

"A melhor equipa não é a que tem melhores jogadores, mas aquela que joga como equipa. Jogar como equipa é ter organização, ter determinadas regularidades que fazem com que, nos quatro momentos do jogo, todos os jogadores pensem em função da mesma coisa ao mesmo tempo."

"O mais importante numa equipa é ter um modelo de jogo, um conjunto de princípios que dêem organização à equipa. Por isso, a minha atenção é para aí dirigida, desde o primeiro dia. As semanas preparatórias incidem, de forma sistemática, na organização táctica sempre com o objectivo de estruturar e elevar o desempenho colectivo. As preocupações técnicas físicas e psicológicas (como a concentração, por exemplo) surgem por arrastamento e como consequência da especificidade do nosso modelo de operacionalização."

"Ao trabalharmos a vertente táctica em condições próximas das que desejamos para a competição, isto é, próximas daquilo que pretendemos para o nosso jogo, estamos a desenvolver a vertente física na especificidade que ela realmente tem. Por exemplo, em vez de desenvolvermos a "força" de uma forma isolada ou descontextualizada, fazemo-la antes através de exercícios com determinadas características, jogando com o espaço, o tempo, o numero de jogadores e as regras que lhe colocamos. Desta forma estamos sem duvida a desenvolver algo aparentado com "força", mas num contexto muito mais especifico. Um exercício táctico-técnico em que existam ao mesmo tempo muitos saltos, muitas quedas, muitas travagens e muitas mudanças de direcção. é muito mais importante do que um outro onde se trabalha a "força" de forma isolada ou descontextualizada. Agora o difícil de tudo isto é conseguir operacionalizar o que queremos, é conseguir criar exercícios onde se consigam englobar todas as vertentes, sem nunca nos esquecermos da nossa primeira preocupação. potenciar um determinado principio de jogo."


- Escolher uma equipa de acordo com a sua filosofia, e trabalha-la.

"Tudo o que precisamos é de um grupo forte de jogadores e não de uma estrela de Hollywood. Mas que diabo são os galácticos? A imagem deles vem da sua vida social e a fama como jogadores acaba por ser um acréscimo. Desconfio desse tipo de galácticos. A minha dúvida não diz respeito às suas qualidades como futebolistas, mas ao facto de o ambiente que os rodeia poder vir a influenciar as suas exibições. Prefiro jogadores como o Drogba ou o Paulo Ferreira. Tenho um carro caro, mas não faço colecção. Não sou o tipo de pessoa que gosta de ter dez carros"

"Se tens em casa um Bentley e um Aston Martin e se andas todo o dia e todos os dias com o Bentley e deixas o Aston Martin na garagem és um bocado entupido"

- Auto confiança no seu trabalho

"Não me chamem arrogante, sou o campeão da Europa e penso que sou especial" (Junho 2004)

"Disse que era especial porque tinha acabado de ser campeão e cheguei aqui com o ego no topo. Agora? Está ainda maior!" (Abril 2005)

"Se quisesse um trabalho fácil teria ficado no FC Porto - Uma fantástica cadeira azul, troféu da Champions League, Deus, e a seguir a Deus, eu."


- Gestão de TODOS os aspectos quem envolvem o jogo (internos e externos)

"Penso que necessitam que eu diga qualquer coisa que os faça parar com estas perguntas estranhas. Querem que eu diga "nós vamos ser campeões?" Bem, nós vamos ser campeões. Agora já têm algo para escrever. Não interessa o resultado contra o Blackburn ou Manchester United, nós vamos ser campeões" (conferencia de imprensa após o Chelsea ter empatado as duas últimas partidas e os jornalistas começaram a questionar sobre a perda de autoconfiança na equipa)

"Quando vou para a conferência de imprensa antes do jogo, na minha cabeça o jogo já começou."

"E quando vou para a conferência de imprensa após o jogo, o jogo ainda não terminou"



Resultados?

- Títulos - 17 em 10 anos de carreira

FC Porto

* Campeonato Português (2): 2002-03, 2003-04
* Taça de Portugal (1): 2002-03
* Supertaça portuguesa (1): 2003-2004
* Taça UEFA (1): 2002-2003
* Liga dos Campeões (1): 2003-2004

Chelsea FC

* Campeonato inglês/Premier League (2): 2004-2005, 2005-2006
* Taça de Inglaterra (1): 2006-2007
* Supercopa da Inglaterra (1): 2005
* Taça da Liga Inglesa (2): 2004-2005, 2006-2007

FC Internazionale MIlano

* Campeonato Italiano (2): 2008-09, 2009-10
* Copa da Itália (1): 2009-10
* Supercopa da Itália (1): 2008
* Liga dos Campeões (1): 2009-10

A receita básica
"E ser feliz no que faço, levantar de manhã e ir a sorrir treinar, estar a 10 minutos do início do jogo e sentir a emoção de jogar. “O craque? O craque é a equipa!”"

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Feliz Natal

FELIZ NATAL


quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Periodização do treino II - Periodização convencional

Futebol é assim: Treino é treino, jogo é jogo
Valdir Pereira “Didi” – jogador e técnico

Fácil perceber que se é tratada por “convencional”, é a mais usual mais unanimemente aceite.

A partir do modelo base de Metveev, foram-se desenvolvendo modelos mais específicos e condizentes com a realidade actual. Na generalidade, com ou sem variante de denominação, os modelos convencionais usam conceitos enraizados
- Pré-época
- Período competitivo
- Forma e picos de forma
- Volume vs Intensidade
- Cargas físicas
- Divisão entre trabalho técnico, táctico e psicológico

No planeamento da época (periodização) entram os 3 períodos básicos
- Período preparatório, vulgo pré-época, onde se privilegia a aquisição de componentes abstractas, predominantemente físicas, resistência e velocidade onde se alicerçará todo o trabalho das fases seguintes. Privilégio das cargas físicas progressivas, inicialmente de baixo volume que vão aumentando até um valor máximo onde a componente física é exacerbada em detrimento das componentes táctica e técnica. Objectivo primordial é aquisição da forma física.
- Período competitivo, época desportiva, diminuição do volume de treino com consequente aumento da intensidade. Supostamente a forma física foi adquirida no período preparatório, a preocupação é a sua manutenção. Divisão da fase em ciclos, procuram-se “picos de forma”, é em busca desses que se programa a manutenção e/ou reconstrução da forma física ao longo da época, baseando-se no efeito retardado das cargas físicas. Os aspectos tácticos e técnicos, treino específico, adquirem neste período a importância máxima. Sempre baseados em princípios de manutenção da forma física. Basicamente o pensamento é “precisamos de estar no máximo das nossas capacidades no período (mês, semana, mesociclo…) X, trabalhamos os aspectos físicos com antecipação para, no máximo da forma física, estarmos aptos a desenvolver o trabalho mais específico”.
- Período de transição, “férias”, a principal preocupação é conseguir obter um efeito optimizado entre descanso e manutenção de capacidades físicas básicas que permitam encarar o próximo período preparatório com condições globalmente satisfatórias a nível físico, psíquico e motivacional.

Na periodização convencional verificamos uma predominância do factor “forma física”, a época é trabalhada em função dos períodos de aquisição, manutenção ou reconstrução desta componente. O trabalho táctico e técnico é suportado pelo trabalho físico entretanto desenvolvido.
Não é por isso de estranhar que o resultado do treino baseado na periodização convencional seja, predominantemente, obtido pela soma das partes. É comum falar-se em “estar bem fisicamente mas ainda ter muito que trabalhar em termos tácticos”, ou até que “a equipa está a decair de forma nos últimos jogos”…
Os seus seguidores, a generalidade dos treinadores, defende o facto de assim se conseguir uma programação global da época onde se identificam facilmente os aspectos a trabalhar em cada período, sendo por isso possível obter “picos de forma” quando necessário.
Os seus detractores defendem que a divisão da época em fases nem sempre coincide com a realidade competitiva ou com as necessidades da equipa. De que me serve programar um “pico de forma” para Fevereiro se em Janeiro a equipa não conseguir corresponder ás minhas expectativas, podendo até tornar inútil o tal “pico de forma”?

Dissemos atrás que o resultado obtido no treino baseado na periodização convencional é uma soma de partes, física, táctica, técnica e psicológica. A periodização convencional é, pela sua própria essência, um terreno propicio à aplicação da metodologia de treino integrado onde se individualizam as componentes para a partir daí construir o jogo.

Falaremos do treino integrado no próximo post.

“O futebol depende de estado atlético e também não é mais possível não saber jogar sem a bola – o mundo mudou, o futebol também”
Eugénio Figueiredo – dirigente uruguaio e da Conmebol

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Periodização do Treino

Uma teoria não é o conhecimento, ela permite o conhecimento. Uma teoria não é uma chegada, é a possibilidade de uma partida. Uma teoria não é uma solução, é a possibilidade de tratar um problema. Uma teoria só cumpre o seu papel cognitivo, só adquire vida, com o pleno emprego da actividade mental do sujeito. Edgar Morin (2003)

Todo e qualquer trabalho exige planeamento, método e tempo. A mais simples tarefa que possamos executar engloba estas componentes. Para tomar um café seguimos uma determinada sequência de actos, desde o colocar ou não açucar até ao acto de bebida propriamente dita. Ainda que mecanizados esta sequencia foi há muito planeada, pensada e testada (ainda se lembram como deitavam o açucar fora da chavena nas primeiras tentativas?).Na organização de um treino de futebol é necessário exactamente o mesmo, planeamento, método e tempo.
Falamos nos posts anteriores do planeamento (construção do modelo de jogo, pressupostos básicos de treino...) falaremos de seguida em métodologia  e tempo.

Porque se fala em pré-época, periodo competitivo, picos de forma? Precisamente porque existe planeamento, metodologia e tempos a descobrir e cumprir.

Usualmente designado com o pai do treino desportivo Lev Pavilovch Matveev criou diversos conceitos que perduram até hoje baseando-se nos principios de que um atleta tem de construir, manter e perder a sua forma desportiva ao longo de um ciclo competitivo (1961, 1977, 1981, 1986).
O ciclo competitivo proposto por Matveev dividia-se em 3 grandes fases que acabaram por se generalizar e ainda hoje são tidas como os 3 grandes períodos do treino desportivo.
- Periodo preparatório, fase de aquisição/ construção de forma desportiva
- Periodo competitivo, fase de manutenção
- Periodo transitório, fase de perda de forma desportiva.


No gráfico de Metveev temos em consideração volume e intensidade (linhas superiores I e Ia) e as linhas dinamicas de cargas (linhas inferiores II e IIa).
Apesar dos conceitos básicos introduzidos, este modelo foi-se tornando obsoleto, obviamente, demasiado rigido para alguns, demasiado universal para outros. Certo é que criou linhas orientadoras a partir das quais se foi evoluindo, daí a sua actual importância.

Dos modelos mais contemporâneos criados a partir de Matveev  destaca-se Tudor Bompa que propõe modelos mais específicos para os desportos a treinar e leva em conta a sobrecarga da calendarização desportiva actual.

Com o desenvolvimento crescente de competitividade os modelos foram-se adaptando à realidade de cada desporto.
Actualmente a "discussão" acerca da periodização e metodologia no treino de futebol situa-se em torno de 3 questões básicas:
Periodização convencional - Modelos de treino baseados e adptados da proposta de Metveev, once imperam os clicos.
Treino integrado - Metodologia onde o treinador desmonta o jogo e treina as suas diversas componentes separadamente. O jogo constroi-se a partir do treino.
Periodização tactica - Metodologia segundo a qual o treino se constroi a partir do jogo. Definindo-se o modelo de jogo procede-se à construção do treino.

Nos postes seguintes abordaremos cada uma dessas questões.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Treino I

"Treinar significa melhorar sob o ponto de vista do jogo. Tendo claramente definido um modelo e os princípios que o orientam, o que acontece diariamente é exacerbação desses princípios em busca da melhoria da qualidade de jogo e daquilo que é a forma de jogo estipulada pelo treinador" Rui Faria, 2003

O sucesso de uma equipa de futebol é um trabalho quase invisível realizado dia após dia. Muitas vezes são os pequenos pormenores de treino que facultam à equipa a possibilidade de tomar a melhor decisão num momento crucial do jogo.
Um treino de futebol é muito mais que agrupar os jogadores com vista à aquisição de forma física ou um espaço onde treinador transmite aos seus jogadores quais as suas ideias. O treino é composto por todas as componentes que se englobam no jogo formal, o aspecto físico, psicológico, condicionantes tácticas e técnicas.

"correr por correr tem um desgaste energético natural, mas a complexidade desse exercício é nula. Como tal, o desgaste em termos emocionais tende a ser nulo também, ao contrário das situações complexas, onde se exige aos jogadores requisitos tácticos, técnicos, psicológicos e físicos. É isto que representa a complexidade do exercício e que conduz a uma concentração maior." José Mourinho


Um período de treino é constituído por ciclos e princípios.

Ciclos, visão estruturar e organizar os diferentes períodos de treino.
Macro ciclo - Período usualmente correspondente a 1 época desportiva
Meso ciclo - Períodos variáveis de 2 a 6 semanas (micro ciclos) onde se treina determinadas variáveis de acordo com etapas próprias.
Micro ciclo - Período semanal de treino, normalmente de jogo a jogo.

Princípios, visam optimizar a performance da equipa/atleta através de um equilíbrio entre esforço/recuperação apropriados com vista á obtenção dos objectivos determinados.

Principio da individualidade biológica - cada atleta é um ser único e deve ser tratado como tal. Se uns atletas são mais "evoluídos" fisicamente outros serão superiores tecnicamente.
Principio da sobrecarga ou progressividade - O corpo sofre alterações decorrentes dos estímulos sofridos (treinos no nosso caso). As cargas ministradas devem ser progressivas permitindo ao corpo adaptar-se até atingir as suas capacidades. O organismo adaptar-se-à mais rapidamente no inicio e abrandará a adaptação á medida que se vai aproximando do seu limite. Muito importante a relação entre cargas (esforço) e recuperação. Excesso de carga conduzirá à exaustão, demasiado tempo de recuperação não elevará a performance do atleta já que o organismo não acumulará a próxima carga no "patamar" óptimo para uma evolução continua.
Principio da continuidade - O factor que assegura a melhoria do rendimento é a continuidade do treino. A continuidade permitirá aplicar o principio da progressão (cargas crescentes) e manter os indices competitivos da equipa.
Principio da inter-dependência entre volume e intensidade - De acordo com os objectivos pretendidos o treino privilegiará volume OU intensidade. Poder-se-á dizer que "volume" será um trabalho de baseado na quantidade geralmente com o intuito de adquirir um background (seja físico, táctico ou técnico) para posteriormente trabalhar a "intensidade" que se traduz numa exigência superior de rapidez (de velocidade, de execução, de raciocínio e decisão...) em detrimento da quantidade, volume, de treino.
Principio da especificidade - o treino deve direccionar-se para o fim especifico a que se destina. No caso do futebol o principio da especificidade abrangerá o treino táctico-técnico.
Principio da variabilidade - Pretender-se-à um treino abrangente em termos físicos, tácticos, técnicos e psicológicos. O treino deverá integrar todos esses itens nos seus exercícios já que quanto mais variáveis se introduzirem no treino, respeitando os princípios anteriores, maior e mais rápido será o desenvolvimento do atleta/equipa e melhor preparado se encontrará perante as situações reais de jogo.


No próximo post será abordada a questão de periodização do treino.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Organização Estrutural

Chegamos ao último dos itens antes considerados, outros não tão mensuráveis existiram certamente, como integrantes do processo de construção de um modelo de jogo. Depois de definido o que pretende da equipa, conhecida a conjuntura do clube e da equipa técnica, decifradas as condições de treino e sabendo quais as características dos jogadores, é tarefa do treinador encontrar uma disposição em campo que, no seu entender, permita à equipa obter o máximo rendimento num jogo de futebol.

Chamamos a esta fase organização estrutural ou sistema táctico.

É normal, mesmo entre treinadores (acredito que por uma questão de comodidade e habito para com a maioria), "resumir" o modelo de jogo a esta fase. Quando ouvimos um treinador a dizer que alterou o "modelo de jogo" na maioria das vezes quer dizer apenas que alterou o sistema táctico.
O sistema táctico é, antes de mais, uma expedita para o treinador comunicar ao jogador a posição onde pretende que este desenvolva a sua acção, a partir da qual vai detalhando a informação fornecida ao jogador sobre a forma como pretende que ele evolua em campo.
que cada sistema táctico tem características próprias, sendo a mais óbvia a forma como teoricamente são preenchidos os espaços em campo. No entanto discordo da opinião generalizada de que este ou aquele sistema táctico é mais ou menos defensivo, tudo dependerá da forma como a dinâmica da equipa.

Cada sistema táctico terá vantagens e desvantagens, desde a ocupação de determinado espaço até ao grau de complexidade e exigência no entendimento entre os jogadores.

Todas as tácticas são boas, tudo depende da forma como são dinamizadas e daquilo que se pretende obter.

Estruturas - Sistemas tácticos mais comuns

4-4-2
-


4-3-3
-

4-4-2 losango
-

4-5-1
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4-1-4-1
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4-2-3-1
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4-1-3-2
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3-5-2
-

5-3-2
-

3-4-3
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Usualmente as equipas têm um sistema táctico definido e jogam seguindo esse padrão. No entanto é também comum existir um "plano B" (ás vezes mais que isso) para determinadas situações. No fundo isso não será mais que o modelo de jogo do treinador para uma situação específica.


Finalmente o treinador construiu  um modelo de jogo para a sua equipa... um modelo de jogo adaptado (MJA).

Chegado ao fim do processo de construção do modelo de jogo ainda muito há a fazer... treinar!!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Características dos jogadores

"Nas segundas, penso sempre em trocar dez jogadores, às terças sete ou oito, às quintas quatro, às sextas dois. E no sábado penso que têm que jogar os mesmos "cabrones"- John Toshack, ex-treinador do Real Madrid e Sporting C.P.

Continuando nas fases de construção de um "Modelo de Jogo", algo que tem, como todas as outras vertentes, importância crucial são as características do jogadores.

De nada serve a um treinador ter uma ideia de jogo se depois não consegue que os seus jogadores as coloquem em prática. Um plantel é constituído por jogadores de diferentes qualidades futebolísticas, características físicas, sensibilidades perante o jogo, origens sociais, situação económica, etnia, origem geográfica...
Por muito treino que se faça existem características inatas e determinados jogadores que dificilmente se ultrapassam, algumas positivas podem ser melhoradas, as menos positivas atenuadas mas existe sempre algo que distingue este ou aquele jogador dos demais.

Ao treinador cabe integrar todas as diferenças, tão inevitáveis como necessárias à própria equipa, e fazer com que a universal linguagem do futebol seja na sua equipa o mais harmoniosa possível.

Esta tarefa é muitas vezes mais complexa do que aparenta. Muitas vezes o treinador tem de se limitar ao que encontra no clube, principalmente nos escalões de formação e divisões mais baixas, outras mesmo dispondo de alguns recursos não é possível ter todos os jogadores que se gostaria (ainda bem digo eu), e mesmo numa hipotética situação onde isso aconteça é necessário coordenar todos e cada um, sabendo que um plantel é muito mais que a soma de todos os seus elementos, que todos querem jogar e só 11 podem estar em campo.

sábado, 19 de setembro de 2009

Conjuntura Social e Estrutural do Clube.

Continuemos a abordagem à construção de um modelo de jogo a implementar numa equipa.

Nos posts anteriores abordamos elementos de construção do modelo de jogo que passam, maioritariamente, pela ideia e intenção do treinador em desenvolver um jogo desta ou daquela forma.
Da sua ideia muito pessoal de jogo de futebol, o treinador vai primeiro definir princípios orientadores e posteriormente pormenorizar aquilo que pretende para cada momento do jogo. Acontece que o treinador não está sozinho, por muito claro que lhe seja aquilo que pretende vai defrontar-se com com factores externos difíceis, ás vezes impossíveis, de controlar.
Que clube estou a treinar? Que divisão? Que escalão?
Quais os objectivos para a época? Ser campeão? Não descer? Tentar valorizar alguns jogadores para realizar mais valias? Facultar aos jogadores aprendizagens que lhes permitam "despontar" algumas épocas depois?
Que expectativas têm os dirigentes? e os adeptos?
Qual a identidade social do clube? Local? Regional? Nacional? Mundial?
Que me diz a história do clube? Quem são as referências? Que significam? Qual o peso que têm na forma como o clube encara o futebol?
Qual a realidade económica e estrutural do clube?
O clube tem um estilo de jogo bem definido e marcado? É compatível ou contrário ao modelo que idealizo?
Que condições de treino disponho? Que material e espaço? E médicos, massagistas, fisioterapeutas?
Que colaboração terei de adjuntos? Pensam o jogo de modo similar ao meu? Acrescentam algo?
...?

Todas estas questões, e muitas mais que entretanto surgem, são importantíssimas da definição de um modelo de jogo adaptado (MJA).
Certamente nenhum adepto do FC Porto, SL Benfica ou Sporting encara com satisfação um jogo onde a sua equipa se limite a tentar defender e explorar o contra-ataque, mas tal concepção do jogo poderá já ser melhor aceite pelo adepto de um clube com menores ambições. Vemos que históricamente o Ajax tem uma estrutura de jogo definida, caberá na cabeça de alguém entrar no clube e dizer "a partir de hoje não é assim, passa a ser como eu penso"?

"O melhor de um jogo de futebol é o que acontece antes do jogo". Sepp Herberger, técnico alemão